terça-feira, 3 de junho de 2008

Shocked!

Ei, o que é um choque, qual a sensação, por que acontece?É uma loteria, numa bela manhã você pode ser contemplado e saberá que o choque nada mais é que algo inusitado, que te obriga a mudar seu olhar, mudar seu pensamento, mudar seu estado de espírito e repensar suas atitudes na velocidade da luz. Passa um filminho diante de você, chega ser hollywoodiano! Você vê a morte vindo te dar um abraço apertado de boas-vindas. Um abraço direto no órgão que impulsiona o seu sangue, sua bateria protegida apenas pela caixa toráxica, mais precisamente posicionada para o lado esquerdo do peito.
O processo é complexo: quase sem querer, você entra em contato com um circuito aberto ligado, louco para encontrar um condutor que seja capaz de conectar os dois pólos: o negativo e o positivo, assim poeticamente. Eis que você é o condutor, e logo os elétrons antes ordenados e objetivos, porém inertes e inofensivos, te reconhecem como tal. Entram em contato com os seus elétrons que até então estavam em pura sintonia e equilíbrio. Esta diferença entre as energias se chocam e os elétrons ordenados e objetivos teimam em empurrar os seus elétrons sinotizados e equilibrados por todo o seu corpo, cada nanometro, nem o pensamento escapa dessa súbita agitação. Você não tem nem a chance de entrar na onda eletromagnética de forma assimilativa. Simplesmente acontece e você tem que se virar, meu filho. Socorro, é um arrastão dentro de mim! É como uma manada de búfalos vindo num corredor sem saída onde você está, sem alternativa, é claro. Seria muita bondade. Alguns de seus elétrons correm, correm como nunca correram antes na vida. Outros são atropelados, se machucam. Alguns até morrem pisoteados. Que triste fim. Seu corpo não agüenta a carga, começa a tremer sem parar. Já ouviu falar em Músculo Liso? Temos ele em nosso coração, por exemplo. Você é incapaz de controlar a contração dele. Já tentou fazer seu coração parar de funcionar por vontade sua? Você pode tentar, mas NÃO vai conseguir fazê-lo parar. Pois é, é mais ou menos isso. Só que neste momento, parece que seu corpo inteiro é composto de músculo liso. Você se esforça, mas a tremedeira chacoalha até seus neurônios e você perde completamente o controle sobre seus neurotransmissores e sobre si mesmo.
Qual sua reação? Com muita sorte, consegue se desconectar dos pólos imediatamente. Você fica ali alguns segundos tentando fazer tudo voltar ao devido lugar. Continua tremendo, mas o tremor agora é do susto. E imbecilmente você começa imaginar como teria evitado o choque. Os "se" e os "por quê" entram em ação. Maldita hora que coloquei meu dedo aqui! Eu poderia ter morrido! Quem compareceria ao meu enterro, como seriam as coisas sem mim?
Mas fatos, são fatos. Você tomou um puta choque inesperado sim, e isso mudou seu dia. E mais que isso. Aos racionais, a necessidade de achar a razão. Em algum lugar o problema está, é fato! Mas a cegueira não permite ver de imediato, o choque também cega! Para sanar o desespero fica fácil procurar o problema em nós quando não queremos acreditar que o problema está nos outros, nas coisas. Crê que na verdade, a errada é você de pôr o dedo onde não é chamada, e não de o circuito estar aberto ao perigo. Mas logo as coisas clareiam. E você vê que fez o que pôde. Perdeu seu tempo tentando fazer aquele circuito aberto alimentar uma grande cabeça, um grande ser humano. Até conseguiu por um tempo, mas a energia que os fios do circuito comportam só consegue fazer funcionar uma cabeça de adolescente imaturo e inconseqüente. Você só toma ciência disso quando volta para ver o estrago: os fios estão todos derretidos, podres, sem forma...e já não prestam para mais nada.
Agora agradeça por estar viva e por ter aprendido a lição. Você aprende muitas.
Recomece tudo desde o início, mas use fios que correspondam às suas expectativas. As minhas não são poucas.

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