quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Meu lado A.

Descoberta. A palavra em si instiga em nós o enigma a ser desvendado, só por nela conter a idéia de estar frente-a-frente com algo novo. Ou talvez por estar desprotegido do que está por vir. Algo bom, não quero falar de coisas ruins. Cá pra nós, que delícia é descobrir coisas novas que nos completam! A gente pensa: como vivi até hoje sem saber ou ter isso? É assim que a gente agrega coisas novas à nossa vida, que a gente pinta nosso retrato pessoal, colore nossa vida, constrói aquelas histórias para contar aos netos.
Descobri que sou um constante lado B. E um lado B sempre tem um lado A. E só sei que sou um lado B porque tenho meu lado A, bem ao lado. A de amor.

Tais histórias só nascem a partir de outras histórias, se descobrem, se completam, se fundem, e viram novas histórias. Sim, estou falando de amor, para variar. E cansa falar de amor? Talvez, se você não estiver vivendo um.

Minha cara, cara. Cara*#$.

Coitado do nosso rosto, nosso cartão pessoal, nosso RG impresso em relevo. É o primeiro a sofrer mudanças, o primeiro a se manifestar. A gente tenta, mas a nossa cara não nega. A vida dá risada da nossa cara, a gente quebra a cara, a gente faz cara de bunda, cara de pau... a gente mostra a cara mesmo, não adianta fugir.
Eu ando com uma cara que não é minha. Não estou no meu habitat e não estou fazendo o que eu quero. Me sinto forçada a viver o que não tenho vontade, a maior parte das pessoas não me agradam, eu não me identifico com nada e as coisas que mais gosto parecem estar muito distantes, simplesmente, no passado ou no futuro. O presente é um conjunto vazio. Tenho a sensação de estar me perdendo na estrada, fazendo a curva errada, pegando um atalho pro nada. A cada dia tenho mais certeza de que está tudo errado. Momento fecal.
Quero fugir de mim. E me achar.
Não há creme que suporte tais rugas, essas vêm de dentro....d'alma.

Há tanto tempo

Céus, peço desculpa ao meu eu, castigado por culpa minha. Tanto tempo perdido que não encontro mais meu relógio. Abençôo os verbos inerentes à mim, que deixei de lado por ninharias: escrever, ler, filosofar, conchavar, aprender, amar. Resumo em viver. Esta morte dói, um suicídio lento e silencioso: estou matando meu eu!
Sagradas letras que formam palavras, afagam-me, e salvar-me-ão.

terça-feira, 17 de março de 2009

Paixão por um Axolotl

Estava eu numa livraria, passeando entre páginas e livros quando me deparei com uma foto encantadora: era um Axolotl. Paixão à primeira vista! Ele parecia sorrir para mim, me passava um sentimento puro, tão puro quanto sua cor - incolor. Até suas patinhas, tão frágeis e pequeninas me fizeram derreter. Corri ao "in Google we trust" para saber mais sobre aquele ser. É um anfíbio, como eu já imaginava, e seu nome significa "monstro d'água". Que insanidade dizer isso do animalzinho! O bichinho é mexicano e, tão primitivo - biologicamente falando -, que não evoluiu e parece um girino gigante que chega a 25 cm de comprimento, não é uma graça?!

Parece absurdo, mas ele foi inspirador. Me fez (re)pensar que talvez fosse maravilhoso ser primitivo, mínimo, estranho, quase imóvel, livre de imagens, beleza, poder. Às vezes me pergunto que vantagem leva o homem em ser homem, e pior, que sentido tem o homem cada vez mais atacado pela síndrome do "mais": o mais rico, o mais inteligente, o carro mais caro, o melhor currículo, o maior salário, a melhor faculdade. O mais otário! O Axolotl me pareceu ser tão feliz, simpático, engraçado e agradável. E me passou tudo isso. Para viver não precisa de muito. A evolução nos aprisiona e me enoja.

Não sei o que há dentro de mim ultimamente, mas as coisas mais toscas que vejo costumam me encantar e me despertar sentimentos ímpares e altamente complexos.



A foto culpada.
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Só um adendo
Durante minha pesquisa descobri que muitas outras pessoas já se encantaram pelo Axolotl à primeira vista, e um escritor belga, Julio Cortazár, escreveu o seguinte texto:


Não sei se vai fazer sentido para quem nunca foi fisgado por um Axolotl. Whatever.
PS: o texto foi traduzido para "Axolote".